terça-feira, 31 de maio de 2011

Tem dias que eu acordo pensando tanto na vida. Nos caminhos. Nessa correria toda, essa sede de viver. Então repito: respira, respira. A vida é curta, mas não precisa correr. Tem calma. Abre a janela, sente a quenturinha boa do sol de manhã cedo. Tira a pilha do relógio. E falo baixinho, ainda sentada na cama: Ah, eu gosto de Djavan, gosto de Chico, gosto de Gal; da poesia de Vinicius, Caio Fernando... e vai me dando uma paz, uma paz. Que se transforma cada vez mais em paz. E pode ser que seja loucura. E eu quero largar a faculdade, eu quero fazer música, eu quero aprender a escrever, eu quero aprender a tocar violão, sentada num banquinho de madeira. Sem pensar em dinheiro, sem pensar em futuro. E viver de prazer, de mar, de amor. E ligar praquele cara, que ainda não tem nome, e dizer: ei, to fugindo desse mundo hipócrita e vazio e cheio de pressa, você vêm comigo? E ele vai vir. Vai porque acredita no que eu acredito. E algum tempo depois, coloco um bilhete em uma garrafinha no mar dando sinal de vida. Um dia chega. Não temos pressa. Será como um recomeço. Para que os meus olhos enxerguem o que importa. Para descobrir o que o amor e o sol iluminam o universo, os sonhos e, assim, a alma das pessoas.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ainda espero

E no meio de toda essa loucura de vida, acordar de madrugada, ônibus lotado, pessoas sem coração. Eu só queria alguém que afastasse o meu cabelo do rosto, beijasse a minha testa, e falasse que está tudo bem. Alguém pra dividir o ar, a saliva, a cadeira do lado do cinema, o suor de mãos dadas, o filme, a final do campeonato, a virada do ano. Alguém que pudesse entender a minha sensibilidade.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Então, é isso

Eu vou andando pela rua, pisando lento, como quem não tem pressa. O pensamento longe. A verdade é que eu tenho me sentido mais calma. Essas experiências tão constantes tem me trazido um conformismo nítido. Não acho isso bom. É como se tudo estivesse me tirando o brilho, a minha necessidade de gritar por alegria, de querer ser o melhor para as pessoas. Porque eu me achava a super mulher que podia acabar com a tristeza do mundo inteiro. Porque eu queria provar que a felicidade existe e que as pessoas podem ser boas. Porque quando eu sentia uma coisa bonita por alguém eu queria distribuir por aí, a torto e a direito. E acho que perdi isso. Acho que perdi o que eu tinha de mais incrível. E, as vezes, quando aparece uma pessoa meio boba e eu sinto coisas bobas, eu fico feliz por ser um ser humano que consegue sentir alguma coisa no meio de tanta coisa. Mas o que eu sinto não dura. É uma pena. Queria escrever coisas bonitinhas, queria colocar o nome de alguém com um coraçãozinho do lado, algo bem piegas mesmo. Mas não sei quem, não sei como. Nem lembro mais qual é o caminho que se percorre pra alcançar essas besteirinhas lindas. Me sinto quase vazia. Faz tempo. Eu quase não choro, eu quase não ligo, sou quase fria. Só consigo pedir: meu Deus, não me deixa apagar esse quase de mim. Eu sou só uma menina que ainda quer ser boa, que ainda quer ser boba e que ainda consegue acreditar na vida.

domingo, 22 de maio de 2011

Texto sem fim nem começo

Não importa que doa. Nunca importou. As coisas ruins a gente deixa pra trás, vai espezinhando pelo caminho. As boas a gente leva no coração, pinta com as cores do arco-íris, enfeita com lírios brancos.
O que a vida exige é que sejamos felizes, que nos permitamos. Todos os dias, quando o sol estampa a claridade na janela, a vida acorda o espírito, nos grita coragem. Estamos vivos. Devemos, sobretudo, perceber que estamos vivos. Temos uma jornada deliciosamente encantadora a cumprir. E cumpriremos. Da melhor forma que pudermos. Viver é divino e não nos conformaremos com experiências mornas. Queremos um vulcão ativo fervendo nas artérias. Coração pulsando com o vermelho vivo do sangue.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Como dois mais dois são quatro

E se isso foi mandado pra mim, é muito óbvio que eu posso suportar. Eu sei que tenho inúmeras coisas pra falar. Das muitas coisas que eu sinto e tenho pra sentir. Com mais zilhões que eu preciso fazer . E não vou falar, e não vou fazer. Não por falta de coragem ou vontade ou, ou de... Mas jamais eu vou passar por cima dos interesses do outro. Por mais que se cruzem com os meus. E eu vou seguir sem jogos, sem obscuridades. Porque a coisa mais satisfatória que existe no mundo, pra mim, é ter a consciência de quem acha que fez o que é certo. E fazer o que é certo, e não o que se tem vontade, já é um caminho muito longo a se percorrer. E eu aprendi a enfrentar as coisas que me são impostas com toda a dignidade. E é assim que vai ser. Sempre.

sábado, 7 de maio de 2011

Escrever ou explodir

E lá vem você com essa mania idiota de me fazer ficar feliz na sua presença. Eu sei que você sabe do efeito que causa em mim. Eu sei que você percebe que recuso qualquer tentativa de toque, de aproximação. Tenho vontade de gritar: Pare com isso, pare de me olhar dessa maneira! Pelo amor de Deus, pare de falar das confusões da sua cabeça. Eu não quero isso pra mim, mil vezes. Eu não quero saber de nada disso! Não aguento. Sei dos meus medos e das minhas fragilidades...

Agonia é querer que você faça parte dos meus dias. Querer o teu riso fácil, teu olhar fixo, teu jeito de saber bem como me irritar. Ainda que pela metade. Ainda que não da maneira que eu quero. Agonia é precisar de tudo isso e não poder querer. É pior pra mim. Eu sei bem. Sei o quanto repasso as nossas conversas, minuciosamente, todos os dias, buscando qualquer detalhe que queira dizer alguma coisa. E eu preciso parar com essa mania de criar expectativas onde não existe nada. E fico assim os dias inteiros, da semana inteira. Meio zumbi, meio piegas, meio burra e dispersa.

Eu tenho essa vontadezinha palhaça de colocar as minhas duas mãos pequenas no teu rosto e dizer que você é um idiota, que você não pode ter feito isso comigo. De pedir que você volte, volte! Pra mim, pra o nosso pouco tempo. E que foi pouco pra mim. Vontade de falar que você me desperta sentimentos absolutamente bonitos e calmos e serenos. E que eu poderia muito bem te fazer feliz. Se você deixasse. E que a gente se diverte muito juntos. E que você precisa parar com essa história de acabar por aqui. E que eu ando impaciente demais com o mundo porque eu estou guardando tudo isso pra mim. E eu sou pequena demais pra segurar coisas tão grandes dentro de um corpo, de uma alma, de um coração. E eu tenho essa capacidade tão grande de amar e ela está sendo jogada fora. Eu estou esborrando.

Queria que você enxergasse o quanto eu fiz por você. O quanto eu diminuí a minha loucura, o meu ritmo, o meu compasso. Que agora eu usava vestidos de mocinha, que eu não queria mais saber de balada e de bebida e de músicas não-construtivas, que eu parei de falar palavrões e que eu estava, de verdade, tentando ser uma pessoa melhor, por nós dois. E eu fico dizendo pra mim que não é assim, que não é você. E você é louco. Mas sou inundada, diáriamente, por essa vontade absurda de cuidar do teu cansaço, do teu sono, da tua dor de cabeça.

Eu fico perturbada demais, inquieta demais, estranha demais com tudo isso. Porque eu não vou te esperar. Mas, simplesmente, não sei como colocar um ponto final e virar a página. Nunca soube. Queria muito seguir, botar pra frente. Mas não sei se posso, não sei se consigo.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

E passou

Eu durmo e acordo e cumpro o dia e durmo novamente na esperança do dia em que eu vou abrir os olhos sabendo que você é um idiota, que eu sempre fui muita areia pra o seu caminhãozinho e que definitivamente eu não preciso de você pra acabar com a minha solidão.
E eu vou olhar pra você e pra toda a sua insignificância e não vou perder o chão, e não vou congelar, e não vou sentir essa vontade absurda de me jogar nos teus braços junto com os meus quase dezoito anos.