terça-feira, 8 de março de 2011

O que não tem remédio

Mas aí ele vai embora. E a gente sofre, emburra, berra, faz malcriação. Joga pelo mundo um monte de palavras soltas que ofendam. Todos. A gente generaliza. São todos iguais! A gente jura que nunca mais vai deixar que aquilo aconteça de novo, que não vale a pena. E naquele momento não valia mesmo, ele não valia, homem nenhum valia. O drama, as lágrimas e as noites mal dormidas. Promete que nunca, nunca mesmo, um estúpido qualquer vai entrar na nossa vida e bagunçar tudo, e arrastar tudo de mais bonito que a gente passou tanto tempo construindo. E enlouquece. Se torna descrente, cética. E vai pra balada, e dança, dança e toma meio litro de vodka pra anestesiar a dor do amor. Mas não dá pra ficar assim. Todo mundo sabe. Ele não valia a pena, não é mesmo? Sim, ele não valia, não vale. Não vale a ressaca do dia seguinte, a dor de cabeça de cão, o coração doendo, o vazio, a solidão. A gente entende que passa. Sempre passa. A gente sabe. Clichê. Então acalma. Acalma a alma, o espirito, os animos. Entende que vai acontecer de novo, sim. A gente está sujeito a tudo, a todo o desgaste. A gente leva na cara, e bate. E aguenta o tranco. Porque a vida é isso mesmo. Não há saída: sossega o coração. Senta. E espera a próxima.
E eu quero um amor, um amor de verdade. Com direito a falta de ar e calafrios, suspiros, arrepios. Que tire o meu sono e desperte os meus sonhos. Eu quero que ele me encante, me ame, me engane. Que eu engane...
Quero um amor que me tire o chão, o sentido, a direção. Que me roube a alma, a calma a palma das mãos. Um amor errado, avesso, contrário. Marcado pela loucura. Não quero juízos, quem se importa com o que é certo, provável, previsto? Eu não! Eu quero um amor que me tire dessa mesmice, tolice, chatisse de rotina. Que ele seja sentido, bonito, transparente, sofrido, escancarado e desmedido. Um amor puro, inocente.
Um amor liberto, presente, completo, sem restrições e medos. Que me arranque os segredos, o sossego e toda dor. Eu quero esse amor...
Esse amor carinhoso, cuidado, dengoso. Que me rasgue, me acabe e me mate, mas de tanto amor. Que desafie o corpo, a alma, a mente. Que traga alegria pra vida da gente. E me fale, me cale, me acalme. Me deixe contente. Eu quero o amor! Que me queira. Ah, eu quero que ele me queira. Que me ame. E me chame. E me ame. E que eu ame. Eu quero um amor. Esse amor contraditório, exatamente como sou.

domingo, 6 de março de 2011

Sei lá por que, mas eu pensei em você hoje. Não com saudades, apenas lembrei. Lembrei daquele nosso reencontro. Quando você apareceu lá em casa naquela hora improvável... Eu querendo controlar o meu coração, você me dando milhões de beijinhos. Eu precisando olhar em qualquer direção que não fosse a sua, só pra resistir, e você me falando da tua saudade de mim, inquieto com a minha indiferença. Não, eu não estava indiferente. Eu fingia. Eu queria mesmo te abarçar bem forte, eu queria gritar que senti tua falta, que te esperei o tempo todo, que meu coração sempre foi seu, e que nem por um instante ele quis desprender-se de você. Eu queria te falar da minha insônia naqueles meses e de quantas vezes quis te procurar... Mas você sabia. Sabia de tudo que eu sentia. Você sempre soube. E eu odiava que alguém me conhecesse tão bem, eu odiava o teu jeito de sempre saber tudo de mim. E você me falou do seu último namoro sem importância, e eu não tinha um último namoro pra te falar. Eu te esperava... Me contou de todas as vezes que quis me ligar. Que eu estava linda e que não importava as muitas meninas legais que apareceram na sua vida, elas não seriam como eu. E eu pensava que não era possivel eu ceder, que eu tinha gasto tempo e energia demais ensaiando aquele momento. Eu planejava te dizer um monte de palavras cortantes, eu queria te magoar. Descontar. E só conseguia sentir amor. Sim, eu estava apaixonada demais por você pra não te desculpar. O que eu sentia era muito grande pra que eu deixasse descer pelo ralo. Não dava pra abrir mão. Não dava pra perder a chance de ter voce na minha vida de novo. Eu não tinha mais como resistir. Eu te abraçava. E nós ficamos assim. E todo o espaço foi preenchido por uma gota de silêncio minha. Você dizendo que me amava. Eu dizendo que te amava. E nós estávamos fazendo uma coisa errada. Eu sabia. Nós sabíamos. Mas nunca nada me pareceu não certo, tão necessário, tão nosso. Juro que eu quis que o tempo parrasse alí, bem naquele momentinho. Porque foi de verdade o que a gente passou. E a gente se gostava. E valeu a pena tudo. Porque nós éramos lindos. Juntos.



Achei estranho ter escrito isso. Não tem mais sentido pra mim.
E parece que faz mais tempo do realmente faz.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Sem Título

Querida Karen,


Se está lendo isso é porque eu realmente tive coragem de enviar. Então, bom para mim! Você não me conhece muito bem, mas se deixar, verá que tenho tendência a falar e falar, que tenho dificuldade para escrever, mas isso... isso é a coisa mais difícil que já tive que escrever. Não há maneira fácil de dizer, então vou falar logo.
Conheci uma pessoa. Foi um acidente. Eu não estava à procura e não estava preparado.
Foi uma tempestade perfeita. Ela falou algo, eu também. Quando vi, queria passar o resto da minha vida nessa conversa. Agora estou com a intuição de que ela pode ser a mulher certa.
Ela é totalmente louca, de um jeito que me faz sorrir, altamente neurótica. Uma grande dose de manutenção necessária.
Ela é você, Karen. Essa é a boa notícia.
A má é que não sei como ficar com você nesse momento. E isso assusta pra caralho. Porque se não ficar com você agora, sinto que nos perderemos. O mundo é grande, mal, cheio de reviravoltas. As pessoas costumam piscar e perder um momento. O momento que poderia mudar tudo. Não sei o que está acontecendo entre nós, e não posso dizer por que você deveria gastar um pouco de fé em alguém como eu.
Mas como seu cheiro é bom, como o lar! E faz um ótimo café, isso tem que valer alguma coisa.
Me liga...


Infielmente seu,
Hank Moody.


(Cena final do episódio de Californication)

Achei, simplesmente, a coisa mais linda do universo inteiro!