segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sobre emoções

E em um dia como esse é que você percebe que saudade é um bicho ruim de se setir, de lidar, de se acostumar. E não se trata de saudade burra... é consciente, dolorida, você sabe exatamente da falta que cada um daqueles detalhes fazem na sua vida, das coisas boas que passaram sem o seu consentimento. É doído e melancólico.

Dói quando o amor acaba apenas pra um. Dói não saber se o outro ainda guarda as mesmas manias, o mesmo jeito de atender o telefone ou se escolheu o curso que disse que escolheria.

Dói não sentir mais nada. Dói se sentir vazio. Dói não conseguir sentir mais nada.

Dói uma saudade composta por mágoas, só porque você consegue ver cada um dos erros do outro, porque você se enxerga neles, porque vocês são parecidos... dói demais ver que aquela outra criatura que você tanto odeia, ou teria motivos de sobra para odiar, ainda mexe demais com tudo o que existe dentro de você, que ela ainda consegue te destruir em poucos minutos, o que voce levou meses construindo.

Mas aí você, para fingir que ta tudo bem, pra não transparecer que a mágoa que carrega é apenas a margem de um amor muito, muito grande, mente pra o mundo que ta tudo certo, mente pra você que aquilo logo vai passar, que alguns dias de sol de dezembro é suficiente para esquecer um verão inteiro de maio e pra tentar se convencer que aquela outra pessoa não está mais presente nos seus pensamentos do que qualquer outra coisa, e que ela, mesmo que não saiba, te visita em sonhos quase todas as noites!

Sim, você odeia que essa pessoa tenha o poder absoluto sobre cada um dos seus atos, que você ainda se importe se ainda importa pra ela.


(Texto antigo)