Eu nem sei por onde começar.
Agora eu estou aqui escrevendo pra você e faz tempo que eu não faço isso. É tarde e é bom estar aqui. Eu me sinto bem. Eu já olhei nossas fotos, relembrei coisas e te asseguro que não haveria nada melhor para hoje. O sono ta me consumindo mas eu não consigo tirar você da cabeça. Eu estou escrevendo porque não consigo tirar você da cabeça. Não vou dizer qualquer coisa tipo me desculpa pelos meus erros ou algo assim. Mas quero te falar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais. Eu penso em você, penso em você com carinho e não adianta negar.
Foi mal por aquele dia, foi mal por qualquer dia, por nós dois. Teria te ligado uma noite dessas, se isso não fosse tão inconveniente. Acabava sempre ligando para um amigo ou coisa assim, pra conversar, contar, ouvir. Não era nada com você, quer dizer, quase nada. Eram só os meus momentos de dúvida e confusão.
Joguei sobre você tantos dos meus medos, tanta coisa guardada e quantas das minhas inseguranças. É complicado de explicar. Uma mistura de sentimentos, as coisas escondidas em mim, a minha pressa, o meu desespero, a minha urgência de você. É complicado pra você. Eu sei que é.
Foi algo como acabar antes que piore, antes que aumente, antes que cresça dentro da gente ainda mais o sentimento bom ou o ruim. Foi estranho. Acho que você há de concordar comigo.
Eu nunca quis o mal da gente, eu nunca quis te cobrar nada e você sabe bem disso. Mas sentimento não se pode controlar.
Eu preciso falar que eu só parei aqui pra escrever essas coisas por pura necessidade. Hoje eu me permiti te dizer essas coisas sem peso na consciência, sem maiores cobranças comigo e sem vetar os meus pensamentos. Eu não conseguiria dormir sem antes te falar tudo isso.
Já me peguei fantasiando coisas e coisas, eu e você. Nada muito grave. Sabe, naquele dia, eu esperei até o último momento que você me ligasse, mesmo que eu tenha dito que fizesse o contrário. Acho que eu esperava mais de você. São tão ridiculas essas coisas do coração. E eu estava entrando numa coisa que eu acho que se poderia chamar de amor por você. Mas você não me permitiu, nós não nos permitimos.
Será que você me entende?
Me fez mal por dentro. Já passou.
Passou. E quando passa fica só o que foi bom. E foi bom pra mim. Se não foi pra você, problema. Foi bom pra mim e é isso o que me importa.
Ah, eu me peço desculpas. Não sinto nenhum tipo de sentimento ruim em relação a você. Nenhuma mágoa, nada. Eu gosto da tua conversa. Eu gosto da tua pessoa. É trabalhoso pra mim estar dizendo isso, levando em consideração que eu preciso separar todas as minhas emoções confusas e isolar somente o carinho enorme que eu sinto por você. E se você me permitir, quero te falar uma verdade. Não acho bonito que a gente se distancie assim, só isso. Esses nossos encontros e desencontos. Eu não sei se existe a possibilidade de a gente se tornar melhores amigos. Eu acho que não. Mas isso não quer dizer que precisamos nos desprender tanto.
Fico pensando se eu estou agindo certo em relação a nós. Eu estou tentando jogar limpo. É que até hoje eu ainda não consegui um domínio das minhas emoções e sentimentos.
É engraçado como essa ilusão que chamam de amor é o que me motiva sempre. A esperança de ter isso um dia. É que eu tou começando a achar que amor é algo que a gente procura, procura e quando acha deixa sempre um gostinho de falta alguma coisa e é exatamente isso que acontece com a gente. É como deixar a porta entreaberta.
Eu podia dizer que nós dois erramos. Eu podia dizer que não era esse o momento, mesmo querendo que fosse. Eu podia contar pra você do meu último mês, das horas que eu me senti sozinha, das vezes que chorei, das vezes que eu cantei também. Tudo isso, se eu tivesse te dito, talvez teria sido melhor pra nós dois.
Sei que se você chegar a ler isso um dia, vai achar uma besteira, vai achar grande demais, chato demais. Um monte de palavras idiotas encaixadas. Mas eu não quero, de jeito nenhum, ter vergonha de nada que eu sinto. Eu sei que, de uma forma ou de outra, tudo se ajeita e não vai ser diferente para a gente.
E de tudo isso, ficaram em mim coisas tão boas. Uma lembrança tão boa de você. Uma vontade de viver, de cuidar mais de mim, de ser o melhor pra mim e para as pessoas que estão ao meu redor. Uma vontade de não me sufocar, de não me cobrar, de continuar a me encantar por alguém que a vida trará. Porque ela sempre traz. E não repetir nenhum comportamento errado que já tive.
Quando eu penso em vida, em tempo, eu penso que nós não tivemos tempo. Tempo pra perceber ainda mais que nós somos tão iguais, tão parecidos de jeitos ao mesmo tempo extremamente diferentes. Somos incrivelmente parecidos. E é por isso que eu escrevo. Pra cuidar de mim, pra cuidar de você. Pra não querer de jeito nenhum, de maneira alguma ficar na sua memória, no seu coração como alguma coisa que não foi boa. Me desculpa as minhas tentativas desajeitadas de fazer com que isso aconteça. Me queira bem.
Estou te querendo muito bem nessa hora. Queria que você estivesse pertinho, pra eu te mostrar um monte de coisas que eu queria mostrar, coisas pequenas, sem muita importância.
Fique feliz, seja feliz. Quero deixar bem claro, queira ser feliz e busque por isso. Eu quero que você sinta toda minha sinceridade no que eu estou te falando. E mesmo que a gente se perca, não tem importância. Mesmo que a gente não tenha chegado onde eu esperava que chegássemos. Que seja bom o que está por vir. Que seja bom pra você, que seja bom pra mim.
(Adaptação de um texto do Caio Fernando, me identifiquei demais!)
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